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01 de julho de 2025

Que mais será preciso para considerar os Combustíveis Renováveis para a Neutralidade Climática?

Com exceção de um pequeno grupo de negacionistas, julgo ser absolutamente consensual que a redução das emissões de gases de efeito estufa é uma necessidade urgente.

Das várias razões para que a sociedade tenha embarcado nesta cruzada, sem dúvida que a mais relevante seja o facto de o continuado aumento da concentração de gases de efeito de estufa (GEE) na atmosfera contribuir para o aquecimento global, do qual resultam eventos climáticos extremos, alteração dos padrões de precipitação, derretimento das calotes geladas do planeta com o consequente aumento do nível do mar, tudo isto com impactos nefastos na Biodiversidade, levando à preocupante extinção de espécies.

No fundo, o que está em causa é a sustentabilidade do planeta, e com ele a sustentabilidade da espécie humana.

Contudo, convém enquadrar o problema com que agora nos confrontamos, percebendo as razões que lhe deram origem - o binómio progresso e crescimento demográfico. Em 1950, a população mundial era de aproximadamente 2,5 mil milhões de pessoas, enquanto em 2022, atingiu os 8 mil milhões. A par do aumento exponencial do número de pessoas no planeta, assim cresceu o consumo de energia mundial, tendo a humanidade consumido mais energia nos últimos 70 anos do que nos 12.000 anos anteriores. Ao longo da história da humanidade, a satisfação desta necessidade crescente de energia, fez-se através de várias transições energéticas, que nos levaram da utilização de madeira e estrume seco, acompanhada da força muscular animal, do vento e da água, que faziam mover moinhos, ao carvão, através do qual se impulsionou a máquina a vapor e mais tarde a produção de eletricidade, ao petróleo e ao gás e, atualmente, a transição para as energias renováveis. Há que referir um facto importante, todas as transições energéticas a que assistimos, não obrigaram ao desaparecimento de nenhuma das fontes energéticas anteriores, mas sim à sua coexistência, ganhando peso as que melhor satisfaziam as necessidades. Prevaleceu o princípio da neutralidade tecnológica.

Também na Europa, o consumo de energia no último século manifestou um crescimento significativo, impulsionado pela industrialização, pelo desenvolvimento tecnológico e pela utilização de produtos derivados do petróleo, que permitiram um melhor nível de vida e bem estar aos cidadãos europeus, bem como a possibilidade de uma crescente e mais acessível mobilidade, quer individual quer coletiva, até agora tornada possível por uma indústria automóvel que proporciona 13 milhões de postos de trabalho e contribui com 7 % para o PIB europeu sendo, portanto, um setor vital da nossa economia.

Embora a Europa seja responsável por cerca de 7% das emissões globais de gases com efeito de estufa, a União Europeia cedo se colocou na vanguarda da luta pela neutralidade climática, adotando metas ambiciosas.

No que respeita à repartição do consumo final de energia, os transportes são o maior consumidor, representando 32% da procura. Centrando-nos no transporte rodoviário, verificamos que os cerca de 256 milhões de veículos ligeiros, os 6,75 milhões de veículos pesados (responsáveis pelo transporte de cerca de 75% de toda a carga na EU), e os mais de 37,4 milhões de veículos comerciais e autocarros, são responsáveis por cerca de 75% das emissões do setor dos transportes, representando os combustíveis líquidos mais de 95% da fonte energética utilizada.

Como parte do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) da UE, a Europa estabeleceu a importante meta de se tornar neutra em termos de clima até 2050. As emissões de GEE provenientes do transporte rodoviário são abordadas através da revisão das metas da UE, resultando na proibição da venda de veículos automóveis com Motor de Combustão Interna em 2035 e na introdução de uma meta de -90% de emissões de GEE para camiões. Como temos dito repetidamente, não será possível atingir estes ambiciosos desígnios, sem considerar que existem soluções adicionais que podem ser utilizadas para além da eletrificação e dos veículos com células de combustível. Os combustíveis renováveis (líquidos e gasosos) já estão hoje a ajudar a acelerar a descarbonização dos transportes e poderiam fazer mais, se as políticas da UE adotassem uma abordagem mais aberta à tecnologia.

Com o objetivo de demonstrar o potencial de descarbonização proporcionado pelos combustíveis renováveis, aumentar a sensibilização para a sua disponibilidade na Europa, e destacar o seu papel para alcançar o objetivo de neutralidade climática da EU até 2050, a cadeia de valor automóvel europeia, incluindo os fabricantes de veículos, os fornecedores de combustível e de componentes, e as associações industriais levou a cabo o Tour d’Europe. Um total de 16 veículos diferentes, onze automóveis ligeiros de passageiros e cinco veículos pesados com motores de combustão a gasóleo, a gasolina, e a BioGNL, percorreram um total de mais de 77.500 km, fizeram 289 paragens para reabastecimento em 17 países europeus diferentes, ao longo de cinco rotas, de norte a sul e de leste a oeste. Uma grande variedade de combustíveis renováveis já hoje disponíveis foi utilizada: gasolina E85; gasolina 100% renovável e outras misturas com redução comprovada de CO2, num total de 979 litros, e 6.886 l de gasóleo, B100, HVO100 e misturas padrão.

A redução de CO2 conseguida pelos combustíveis renováveis baseia-se na análise da pegada de CO2 do respetivo combustível, desde o “poço à roda”, tendo em conta a aquisição de matérias-primas, o seu processamento em combustível, a sua distribuição e utilização no veículo. Isto significa que as reduções de CO2 alcançadas com a utilização de combustíveis renováveis são baseadas no combustível real que é abastecido no depósito do veículo e, portanto, são reais, verificáveis e certificadas de acordo com as normas europeias. Todos estes combustíveis são reportados e obtiveram a chamada prova de sustentabilidade. Um sistema de monitorização especialmente desenvolvido, o ‘Digital Fuel Twin’ (DFT), foi utilizado para rastrear o combustível e os veículos durante o percurso, utilizando os dados do respetivo veículo, como o nível do depósito, a posição GPS, a hora, a quilometragem e outras informações, bem como informações sobre o posto de abastecimento do combustível (com base na prova de sustentabilidade). Os reabastecimentos puderam assim ser monitorizados e verificados através da sincronização de dados na nuvem, e o fator de emissão de CO2 do abastecimento do tanque pode ser determinado. Da quantidade total de combustível utilizada durante o Tour d’Europe, 84% pode ser categorizada como combustíveis renováveis (ou as suas misturas).

As reduções de CO2 específicas para cada combustível, obtidas do “poço à roda”, variaram entre 66,5% a 83,5%. No entanto, todas as opções de combustíveis renováveis utilizadas, apresentam um potencial de redução adicional. Este potencial resulta da utilização de outras matérias-primas (por exemplo, materiais residuais) e de processos de produção melhorados. O resultado global do Tour d'Europe é expresso em emissões absolutas de CO2. Os dados representam também a experiência real dos utilizadores que viajam pela Europa. Atualmente, apenas 16% das misturas de combustível padrão tiveram de ser utilizadas devido à indisponibilidade regional. Para a mistura geral de combustível do Tour d'Europe, incluindo as misturas de combustível padrão utilizadas durante o trajeto, a redução total de emissões de CO2 chegou aos 67% relativamente ao combustível tradicional de origem fóssil, demonstrando uma redução significativa das emissões de CO2 do “poço à roda”, considerando o estado de disponibilidade de combustível.

Através desta iniciativa, ficou demonstrado que os combustíveis renováveis são uma solução amplamente disponível atualmente, fácil de usar e sem necessidade de adaptação das infraestruturas de distribuição e dos veículos existentes, permitindo que todos os europeus, mesmo aqueles que não adquiriram veículos elétricos, participem na transição energética, e que tanto a sua utilização, como a intensidade de CO2 dos combustíveis, podem ser monitorizadas e verificadas ao nível do veículo.

É necessário que as normas de controle de emissões de CO2 para veículos contemplem uma abordagem em Ciclo Completo de Vida, e não uma abordagem de medição de emissões no tubo de escape.
A política da UE deve estar aberta a todas as tecnologias com um histórico de redução das emissões de GEE comprovado, como é o caso dos combustíveis renováveis.

A neutralidade tecnológica deve ser um princípio essencial para todos os segmentos de veículos, de forma a alcançar os objetivos climáticos da UE para 2050, beneficiando quer os cidadãos, quer as empresas europeias.

João Reis, Assessor de Comunicação, EPCOL

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