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Pode o Autogás ajudar-nos a respirar melhor?

O mundo de hoje tornou-se especialmente complexo, combinando efeitos ainda mal dissipados de uma pandemia (COVID 19), a que se juntaram uma guerra na Europa que afeta todos, direta ou indiretamente, potenciando os efeitos inflacionários que vinham a acentuar-se e, não menos importante, uma noção de urgência para tentar responder aos efeitos das alterações climáticas.

Não se vislumbra como conciliar todos estes desafios sem uma alteração significativa do nosso paradigma de desenvolvimento e sem um período de transição que permita essa adaptação progressiva, ao mesmo tempo inclusiva e determinada.

São muitas as áreas onde é necessário intervir e uma delas é, com certeza, sobre tudo aquilo que contribui para a poluição e, através dela, para os impactos negativos na nossa saúde e no ambiente em geral.

As soluções que podem minimizar estes impactos devem, assim, ser adequadamente ponderadas e, nesse sentido, o exemplo da mobilidade, indispensável nas sociedades atuais para garantir os fluxos de recursos, sejam humanos ou de bens que fazem funcionar a economia e asseguram os empregos, é disso representativo.

Neste caso, impõe-se olhar para o problema da qualidade do ar nas grandes cidades, com concentrações de substâncias consideradas perigosas, onde o tráfego de veículos, não sendo o único fator, é um dos que contribui para isso. Em muitos casos ultrapassam-se em muito os valores limite aceitáveis – de acordo com a OMS estimam-se em ~4.2 milhões as mortes prematuras devido a este tipo de poluição. Os motores a gasolina e a diesel emitem, como sabemos, uma variedade de poluentes dos quais se destacam o CO (monóxido de carbono), NOx (óxidos de azoto), VOCs (compostos orgânicos voláteis) e as partículas (p.ex., PM10) e que impactam diretamente a nossa saúde.

É neste contexto de análise e avaliação que o Autogás surge como solução de transição, de rápida implementação e comparativamente baixo custo de investimento, assumindo-se como um combustível alternativo. As vantagens são fáceis de enumerar: é compatível com as atuais tecnologias dos motores de combustão interna, através de uma fácil reconversão, permitindo evitar o desperdício gigantesco (e poluição) gerado por uma recomposição totalmente eléctrica (aliás, impossível no curto e médio prazo) das frotas, e possui uma rede de abastecimento que facilmente se pode expandir e adequar à procura. E, como principal aspeto a destacar no contexto referido, é um combustível muito mais limpo: de acordo com testes de emissões em desempenho real, conduzidos pela Liquid Gas Europe numa base de “well-to-wheel” (do “poço à roda”), o GPL não emite partículas com significado, e produz menos 98% de NOx quando comparado com o diesel e menos 20% de CO2 quando comparado com a gasolina.

Não é de esperar uma desmobilização rápida e homogénea, em termos globais, dos veículos com motores a combustão interna, tanto mais que são os países menos desenvolvidos e com uma aposta em metas de crescimento acelerado, que mais dificuldades enfrentam e só com soluções de transição poderão acompanhar esse objetivo comum do desenvolvimento sustentável. E os exemplos que hoje já existem, sobre a sua utilização, podem apoiar e produzir essa tão desejada transição.

Mas ainda mais promissor será a possível utilização dos BioGPL – estes permitem reduções substanciais de emissões poluentes em comparação com o GPL convencional (~80%). Assim, constituiria um forte incentivo ao desenvolvimento destes bio-gases, a aposta num mix de transição que incluísse os GPL.

O esclarecimento e a divulgação constituem por isso instrumentos essenciais para promover a sensibilização pública, individual e institucional, e relevar a importância que se reconhece a esta alternativa energética no contexto veicular. E isso tem sido uma das ações que os principais protagonistas associativos do setor, nacional e internacionalmente, têm desenvolvido mais recentemente, usando várias plataformas de comunicação, sejam as redes sociais sejam os media tradicionais. Como exemplo refira-se a campanha, que a APETRO iniciou em abril, que terá como principal objetivo desmistificar o uso de veículos a Autogás, levando toda a informação necessária para uma escolha consciente deste combustível ao maior número de pessoas. Para isso, a campanha terá a duração mínima de 2 anos e será sustentada por diferentes meios de comunicação digital, nomeadamente o Facebook, Instagram, LinkedIn e TikTok, tentando assim captar a atenção dos vários escalões etários e de diversos tipos de utilizadores, para esta alternativa sustentável.


José Alberto Oliveira, Diretor Técnico da Apetro


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