O mercado dos lubrificantes em PortugalNo âmbito do Congresso anual da UEIL - Associação Europeia da Indústria de Lubrificantes, que este ano se irá realizar em Portugal, na cidade do Porto, de 16 a 18 de outubro, foi-nos pedido, enquanto Associação representante do setor em Portugal, que redigíssemos um texto caracterizando o mercado português de Lubrificantes, a ser publicado na revista Lube Magazine. Considerando a atualidade do tema, e o facto de não ser normalmente atribuído a este setor de atividade a importância que lhe é devida, considerámos oportuno publicar nesta edição da nossa e-outlook, uma versão em português do referido texto.
“Portugal é o país mais ocidental do continente europeu, incluindo também os arquipélagos da Madeira e dos Açores, no Oceano Atlântico. No continente, o território português ocupa uma área de 88.889 km2 (218 km de largura, 561 km de comprimento). Com uma população de 10 milhões de pessoas, Portugal está encaixado entre o Oceano Atlântico, numa costa de 832 km, e Espanha, ao longo de 1215 km de fronteira terrestre.
A economia portuguesa sofreu profundas transformações ao longo das últimas décadas, principalmente após a integração na Zona Euro em 1999. Desde então, tem-se verificado um domínio crescente do sector dos serviços, que representa 77% do VAB e cerca de 70% do emprego. Pela posição geográfica de Portugal, pelo seu clima mediterrânico moderado, pela sua extensa costa atlântica, pela sua história, cultura e gastronomia, o turismo desempenha um papel fundamental na economia. Em sentido inverso, o sector primário praticamente desapareceu, representando apenas 2% do VAB, enquanto o sector secundário representa 21%.
O mercado dos lubrificantes é diretamente impactado pela evolução da economia, sendo que Portugal não é exceção, como se pode verificar no gráfico em cima, onde são claramente visíveis as duas últimas crises económicas:
A crise de 2010–2014 – começou com a crise financeira mundial de 2007–2008 – a crise da dívida pública da Zona Euro, que afetou sobretudo Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Irlanda, e obrigou à assinatura, em 2011, de um memorando entre o Governo Português, a UE, o BCE e o FMI, o que levou à redução dos serviços públicos, dos subsídios e das pensões, ao congelamento dos salários da função pública, a descidas significativas do PIB e ao aumento do desemprego.
A pandemia de Covid 19 – 2020 - 2022 - Portugal enfrentou cinco vagas da doença, 21 mil mortes, dois processos de confinamento – com especial impacto no sector da hotelaria e turismo, encerramento de escolas, encerramento total ou parcial de vários sectores da economia, falência de empresas e consequente desemprego. Para além das perturbações causadas pela pandemia da Covid-19, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que se intensificou em março de 2022, contribuiu para mais incertezas e volatilidade no mercado português de lubrificantes. O conflito levou a um aumento acentuado da volatilidade dos preços, tornando difícil prever e estabilizar os custos. Além disso, a disponibilidade de matérias-primas essenciais foi gravemente afetada, devido às perturbações na logística e nas cadeias de abastecimento, acrescentando ainda mais pressão a um mercado já por si bastante frágil.
Contudo, passados dois anos de pandemia, o nível de atividade económica recuperou de forma muito significativa, superando as expectativas.
O mercado dos lubrificantes em Portugal é altamente competitivo e caracterizado por uma evolução constante. Para além dos players consagrados, temos assistido à entrada de novas marcas, não associadas a nenhuma empresa ou grupo tradicional, que procuram conquistar o seu mercado apenas através do preço. O envelhecimento da frota automóvel, associado às dificuldades económicas das pessoas, resulta muitas vezes numa maior procura de lubrificantes de baixo custo, bem como no surgimento de marcas desconhecidas e sem qualquer notoriedade.
O mercado total de lubrificantes em Portugal, em 2023, situou-se acima das 77 mil toneladas, um ligeiro decréscimo face a 2022, com o setor automóvel a representar quase 60% do mercado global, entre veículos ligeiros e pesados, motociclos e transmissões.
A evolução do parque automóvel e a sua eletrificação terá também impacto no mercado dos lubrificantes, a curto médio prazo. Atualmente (julho de 2024) as vendas de BEV representam 17% dos LDV, superiores aos automóveis a gasóleo, que representaram 11% e apenas abaixo dos automóveis a gasolina, com 36%.
Em termos futuros, estima-se que o mercado português de lubrificantes mantenha a tendência decrescente, devido à sofisticação dos lubrificantes, às novas tecnologias automóveis, à alteração do seu perfil, com o aumento dos veículos elétricos, e às alterações nas escolhas dos consumidores”.
João Reis, Assessor Comunicação da EPCOL
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