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Vale a pena utilizar um híbrido ou um elétrico para minimizar os efeitos climáticos?

    A descarbonização dos transportes é um dos objetivos mais ambiciosos do pacote de reformas promulgado pela Comissão Europeia denominado “Fit for 55”, centrado no duplo objetivo de descarbonização da economia até 2050 e na sua digitalização.

    Para alcançar este objetivo ambicioso e de liderança mundial, é necessário contar com todas as tecnologias de baixo carbono ou seja, todas as tecnologias que, proporcionando o benefício desejado do transporte de pessoas e bens, quer seja por estrada, mar ou ar, não contribuam para a emissão adicional de gases de efeito de estufa para a atmosfera e portanto que não contribuam para o efeito de aquecimento global do planeta que se pretende a todo o custo, evitar.

    Em complemento à utilização de energia elétrica renovável, os combustíveis renováveis e de baixo carbono, em tudo similares na sua composição aos combustíveis líquidos convencionais de origem fóssil (Gasolina, Gasóleo, Jet, etc.), são alternativas ótimas para reduzir, e no limite eliminar, as emissões de todas as formas de transporte existentes e contribuir decisivamente para se atingir a neutralidade climática até 2050.

    Estes combustíveis renováveis e de baixo carbono serão muito provavelmente a única solução descarbonizada futura para os transportes aéreos, marítimos e rodoviários pesados de longo curso, cuja eletrificação é reconhecidamente impossível na esmagadora maioria dos trajetos, pois oferecem uma disponibilidade de energia (KWh) por unidade de massa (quilograma) muito superior à alternativa elétrica, por acumulação em baterias ou mesmo à utilização de Hidrogénio em tanques pressurizados. Por outras palavras, o peso e dimensões das baterias ou reservatórios de Hidrogénio necessárias para fornecerem a mesma energia total será incomportável nestes meios.

    Adicionalmente, e embora os motores de combustão interna sejam bastante menos eficientes que os seus equivalentes elétricos, os combustíveis renováveis e de baixo carbono têm a vantagem de poderem ser imediatamente utilizados, por exemplo, na frota rodoviária ligeira e pesada existente que é esmagadoramente alimentada por motores de combustão interna, muito dispendiosa de substituir por equivalentes elétricos e cuja vida útil continua estatisticamente a crescer na UE.

    Mais, a sua distribuição depende de um sistema logístico existente e em funcionamento regular, igualmente dispendioso de substituir (eletrificação - pontos de carregamento e correspondente infraestrutura de distribuição elétrica) nas duas décadas e meia que nos faltam para 2050 e que teriam de ser abandonados ainda em boas condições de operação.

    Até que esse mundo descarbonizado a que aspiramos todos, mas infelizmente ainda distante, em que pelo menos os veículos ligeiros serão todos eletrificados, será que até lá, nas condições previsíveis das próximas décadas, estaremos a contribuir para um planeta saudável substituindo imediatamente e para todas as utilizações os veículos com motores de combustão interna por elétricos?

    Será que as emissões com efeito climático associadas à produção
    1. dos veículos propriamente ditos,
    2. da eletricidade (que nem sempre será inteiramente renovável),
    3. das baterias,
    4. dos próprios combustíveis renováveis,

    contribuem de forma diferente para o aquecimento global consoante
    1. o trajeto típico que fazemos todos os dias,
    2. consoante o próprio clima do país em que nos encontramos devido às trocas térmicas perdidas ou necessárias e,
    3. finalmente, consoante a utilização que damos ao nosso veículo ligeiro?

    Por outras palavras, no seu caso concreto que vive em PT, que quer contribuir para um planeta mais saudável e que não pode/não quer prescindir do seu veículo ligeiro e lhe dá uma utilização específica (autoestrada, citadina, mista), assumindo momentaneamente que o custo total de operação das diversas opções é equivalente, vale a pena utilizar um híbrido ou um elétrico para minimizar os efeitos climáticos? Vale a pena utilizar combustíveis renováveis e de baixo carbono?

    A Concawe e o IFP Energies Nouvelles juntaram-se e construíram um simulador/ferramenta digital aplicável a veículos ligeiros, bastante detalhado e cientificamente suportado, que nos dá respostas a estas questões e que, finalmente, vos convidamos a experimentar aqui, mas antes, sugerimos que veja os filmes introdutórios (legendados em Português) que abordam e revisitam os seguintes temas:

  • O que é a Análise ao ciclo de vida
  • Propósito do simulador/ferramenta e como funciona
  • Guia de utilização do simulador/ferramenta
  • Divirtam-se e, possivelmente, surpreendam-se!


    Guido Albuquerque, Assuntos Internacionais Apetro

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