Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2)De acordo com as metas estabelecidas pelo European Green Deal, cujo principal objetivo é a neutralidade carbónica em 2050, a União Europeia desafia os estados membros a participarem ativamente na descarbonização da economia através do desenvolvimento do mercado do hidrogénio (EU Hydrogen Road Map). Portugal aceita este desafio e tenta posicionar-se na vanguarda do seu desenvolvimento tecnológico, criando a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2).
As alterações climáticas e as mudanças de paradigma energético, fazem com que a adoção de energias alternativas seja fundamental. A posição privilegiada de Portugal na produção de energias renováveis, assim como de todos os países do sul da Europa, determinará uma mudança na geopolítica europeia. Através da implementação de uma estratégia nacional para o hidrogénio e do envolvimento de parcerias tecnológicas com outros estados membros, Portugal ambiciona tornar-se em um dos principais players de hidrogénio da Europa. Um exemplo é o recentemente anunciado consórcio entre a EDP, a Galp, a Martifer, a REN, a Vestas, entre outros parceiros Europeus, que pretende avaliar a criação de um cluster industrial de hidrogénio em Sines, integrando e otimizando toda a cadeia de valor do hidrogénio, desde a sua produção até à comercialização.
Recentemente a Apetro, em conjunto com a FuelsEurope, entidade que representa a Indústria da Refinação Europeia, lançou a campanha “Clean Fuels for All”. Esta campanha pretende, não só promover combustíveis líquidos de baixo carbono, mas também todas as soluções industriais que permitam a descarbonização de diversas indústrias, inclusive da refinação/produção de combustíveis líquidos.
No caso da estratégia nacional para o hidrogénio, acreditamos que a definição de uma nomenclatura e estratégia abrangente e inclusiva é essencial. As várias formas de hidrogénio com pegada carbónica baixa e nula devem ser tidas em conta como hidrogénio limpo, assim como as suas variadas utilizações na cadeia de valor, desde a produção ao consumo.
A utilização de tecnologias de emissões negativas, CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage), será essencial neste período de transição energética. A CCS (Carbon Capture and Storage) utilizada na produção de hidrogénio azul, a DAC (Direct Air Capture) e as BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage) não só irão reduzir significativamente as emissões de CO2 atuais, como também irão complementar e suportar o desenvolvimento tecnológico de outros mercados, como é o caso do hidrogénio verde. A aplicação de hidrogénio nos combustíveis sintéticos no sector dos transportes, como complemento à mobilidade elétrica, irá ser fundamental para o desenvolvimento dos ativos do hidrogénio, tirando vantagem das infraestruturas de distribuição já existentes e a sua adequação ao parque automóvel atual.
Independentemente da forma de energia, a contabilização da pegada carbónica ao longo do ciclo de vida dos ativos utilizados, assim como o apoio legislativo e financeiro na investigação e inovação de outras tecnologias complementares, igualmente de baixas emissões, permitirão traçar o caminho para atingir as metas definidas pelo European Green Deal até 2050.
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