O Corredor de Hidrogénio do Ebro foi lançado esta segunda-feira. O projeto procura reforçar a coordenação interterritorial e promover a ligação entre as principais iniciativas regionais de hidrogénio renovável já em curso no nordeste de Espanha.
O novo corredor quer ter um papel de liderança na descarbonização da indústria naquela região, e ao mesmo tempo melhorar a competitividade e atrair novos investimentos. O projeto é apoiado pelas entidades regionais, tais como a Associação do Corredor Basco de Hidrogénio (BH2C); a ACCIÓ - Agência para a Competitividade Empresarial como entidade responsável pelo Vale do Hidrogénio da Catalunha (H2ValleyCat); a Fundação para o Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Hidrogénio em Aragão (Fundación Hidrógeno Aragón) como entidade responsável pela coordenação da "Iniciativa GetHyGA" do Vale do Hidrogénio de Aragão; e a Associação Industrial de Navarra (AIN), em conjunto com a Sociedade para o Desenvolvimento de Navarra (SODENA) como promotores da Agenda do Hidrogénio Verde de Navarra.
O impulsionador da criação deste consórcio é a SHYNE (Rede Espanhola de Hidrogénio) - o maior consórcio multisetorial de hidrogénio renovável em Espanha, lançado em janeiro deste ano. Desempenha um papel fundamental na integração de projetos a nível nacional - motivado pelo desejo de partilhar informação, analisar e estudar ações complementares que estabeleçam sinergias entre iniciativas regionais. A SHYNE dará também apoio aos projetos desenvolvidos através desta iniciativa, bem como à capacidade de gestão do conhecimento e promoção da investigação em tecnologias pioneiras, que têm como objetivo posicionar Espanha na vanguarda do desenvolvimento deste vetor de energias renováveis.
O evento foi inaugurado por Josu Jon Imaz, CEO da Repsol, também presente em nome da presidência da SHYNE. "Devido à sua localização, o Corredor de Hidrogénio do Ebro será uma alavanca fundamental para desenvolver com eficácia todo o potencial desta área geográfica, e com uma dimensão transfronteiriça da futura economia do hidrogénio, permitindo uma maior integração das cadeias de valor a nível europeu", afirmou.
O Corredor de Hidrogénio do Ebro potenciará ações em toda a cadeia de valor, incluindo a produção, transporte, utilizações e armazenamento. Em termos de produção de hidrogénio renovável, o consórcio pretende instalar uma capacidade de produção de 400 MW em 2025 (implicando 1,5 GW de capacidade de produção renovável associada), e 1,5 GW em 2030 (6 GW de energias renováveis).
Entre as principais linhas de ação, conta-se ainda a promoção das utilizações finais do hidrogénio renovável, tanto no setor dos transportes como para utilização industrial. O objetivo de alcançar uma produção anual de 250.000 toneladas de produtos derivados de hidrogénio renovável, tais como metanol, amoníaco ou combustíveis sintéticos até 2030, é especialmente importante. O consórcio irá também promover a criação de uma rede de infraestruturas com 20 estações de abastecimento de hidrogénio até 2025, com a instalação de até 100 pontos até 2030, para facilitar a utilização de hidrogénio renovável no transporte terrestre, marítimo, e ferroviário.
Paralelamente, serão promovidos projetos transfronteiriços de armazenamento e transporte de hidrogénio renovável com o sul de França, para favorecer a interligação com a Europa e posicionar Espanha como produtor relevante no mercado continental de hidrogénio. A coordenação ficará a cargo da Comunidade de Trabalho dos Pirenéus, uma organização transfronteiriça e interterritorial.
O hidrogénio renovável é uma das principais fontes de energia para a descarbonização da economia, devido, principalmente, à sua versatilidade. O hidrogénio já é utilizado no setor industrial como matéria-prima, principalmente na refinação, produção de amoníaco, indústria siderúrgica, e indústria química. Todos estes produtos terão uma menor pegada de carbono graças ao hidrogénio renovável. Contudo, este gás tem também múltiplas outras utilizações: é, por si só, um combustível limpo - em mobilidade é utilizado na produção de combustíveis sintéticos e em células de combustível -, e também pode ser utilizado para armazenar energia renovável e, assim, ajudar a contornar a intermitência da produção de eletricidade eólica e solar fotovoltaica. A coordenação entre todas as iniciativas regionais é um elemento-chave para conseguir a implementação eficiente da economia de hidrogénio e para alcançar os objetivos nacionais e europeus.
O projeto SHYNE, sob a liderança da Repsol, visa promover ações interterritoriais e projetos de hidrogénio renovável em todas as áreas da economia espanhola e promover a rápida descarbonização. A SHYNE será responsável pela implementação de projetos em dez comunidades autónomas em Espanha, e contará com um investimento total de 3,23 mil milhões de euros para desenvolver as tecnologias mais competitivas e contribuir para a evolução, tanto da indústria espanhola como das suas infraestruturas, no sentido da descarbonização, gerando mais de 13.000 empregos.