Considerando a prevalência e o crescimento dos motores de combustão interna (ICE) na frota global de veículos, a FIA - Fédération Internationale de l'Automobile, identificou o desenvolvimento de combustíveis totalmente sustentáveis como uma área crítica para a descarbonização do setor dos transportes.
Os seus esforços de investigação e desenvolvimento centraram-se nesta área durante vários anos, tendo sido alcançado um marco importante em dezembro de 2020, quando os primeiros lotes de combustível 100% sustentável, derivado de bio-resíduos, foram entregues aos fabricantes de motores para testes e validação.
Empenhada em promover práticas sustentáveis nos setores do desporto automóvel motorizado, a FIA já tornou obrigatória a utilização de combustíveis totalmente sustentáveis em várias competições, incluindo o Campeonato Europeu de Corridas de Camiões, em 2021 e os Campeonatos Mundiais de Ralis e de Resistência, em 2022. O próximo passo no desenvolvimento deste projeto é o fornecimento de combustíveis 100% sustentáveis certificados pela FIA, que serão implementados na F1 em 2026 e transferidos futuramente para todas as disciplinas do desposto automóvel.
Para a temporada de Fórmula 1 de 2026, a FIA determinou a utilização de combustível 100% sustentável derivado de ‘Componentes Sustentáveis Avançados’ (ASCs), garantindo que são provenientes de biomassa não alimentar, matéria-prima renovável de origem não biológica ou resíduos urbanos, e cumprem limites rigorosos de emissões de gases com efeito de estufa. Estes regulamentos foram concebidos para serem compatíveis com os requisitos da frota existente de mais de Mil Milhões de motores de combustão interna (ICEs) em todo o mundo, demonstrando o seu potencial para uma adoção mais ampla, para além do desporto motorizado.
Para garantir o cumprimento destas normas rigorosas, a FIA em colaboração com a Zemo Partnership, um fornecedor independente de serviços de garantia, desenvolveram o Esquema de Garantia de Combustível de Corrida Sustentável (SRFAS). Este esquema utiliza um processo robusto de verificação, por terceiros, de forma a garantir que todo o combustível usado na Fórmula 1 cumpre os critérios da FIA, em termos de composição da mistura de combustível e da sustentabilidade dos seus componentes avançados sustentáveis (ASCs), que se centra em três aspetos principais:
• Acompanhar a origem e o movimento de cada ASC ao longo da cadeia de abastecimento para garantir a conformidade com os rigorosos critérios da FIA para a sustentabilidade das matérias-primas e divulgação das emissões de gases com efeito de estufa.
• Analisar a mistura de combustível para verificar a composição precisa e a rastreabilidade dos ASCs.
• Medir e verificar o desempenho das emissões de gases com efeito de estufa da mistura final de combustível de competição para garantir que cumpre as metas de sustentabilidade da FIA.
O Programa de Certificação de Combustíveis Sustentáveis da FIA tem implicações que vão muito para além dos circuitos, pois a ser pioneira em tecnologias de combustíveis sustentáveis no desporto motorizado, a FIA pretende catalisar o desenvolvimento e a adoção destes combustíveis para os veículos do dia-a-dia, tendo como objetivo a longo prazo, tornar estes combustíveis acessíveis ao mercado, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa no sector dos transportes.
Este artigo baseou-se na informação da FIA, que pode ser lida aqui.