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Notícias

07/04/2020

A indústria petrolífera está a passar por um choque global sem precedentes na sua história

Mercado Petrolífero

Os impactos serão sentidos ao longo das cadeias globais de fornecimento de petróleo e ir-se-ão espalhar a outros setores energéticos.

O mundo do petróleo sofreu muitos choques ao longo dos anos, mas nenhum atingiu a indústria com a ferocidade que testemunhamos hoje. À medida que os mercados, as empresas e as economias, sofrem com os efeitos da crise global causada pela pandemia do coronavírus, os preços do petróleo caíram. Os impactos serão sentidos ao longo das cadeias globais de fornecimento de petróleo e ir-se-ão espalhar a outros setores energéticos.

Segundo a AIE – Associação Internacional de Energia, este é um momento sem precedentes para os envolvidos no negócio de fornecimento de petróleo e para os que dependem das receitas associadas. No seu mais recente artigo sobre o tema, a AIE analisa os principais aspetos desta crise, incluindo os possíveis impactos na produção, investimento, cadeias de abastecimento e nos outros setores de energia. 

A AIE está preocupada com a atual situação do mercado de petróleo e com as implicações negativas para a estabilidade global da economia. De forma a encontrar um caminho a seguir, o Dr. Fatih Birol, Diretor Executivo da AIE, tendo vindo a discutir a situação com os ministros da Energia dos Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita, Brasil, Iraque e Índia, bem como com altos funcionários de outros países-chave. Nesse contexto, a AIE está a apelar para um diálogo construtivo entre todos os países produtores e consumidores relevantes, e para a realização de uma reunião do G20, cuja Presidência é atualmente detida pela Arábia Saudita.

Atualmente, cerca de 5 milhões de barris de petróleo produzidos diariamente em todo o mundo, não atingem preços capazes de cobrir os custos de extração (com base no petróleo Brent a US $ 25 por barril), o que significa que perdem dinheiro em cada barril que produzem.

As empresas de petróleo reagiram ao colapso dos preços anunciando grandes cortes nos gastos com nova produção. As reduções iniciais estão na faixa dos 20% a 35%, em comparação com os investimentos anteriormente previstos para 2020.

Neste novo ambiente, os projetos que “ontem” eram considerados de baixo custo, ou seja, aqueles que são viáveis entre os US $ 35 e US $ 45 por barril, já são altos hoje, e apenas os investimentos mais resilientes têm hipótese de prosseguir.

Nos últimos anos, houve um grande aumento no investimento no setor de refinação, que se traduziu em mais de 2 milhões de barris por dia de nova capacidade, em 2019. Agora, a procura por derivados de petróleo entrou em colapso e o mercado bateu no fundo.

De destacar os riscos impostos pelas condições atuais de mercado para as economias mais vulneráveis de alguns produtores, que poderão ser dramáticas se as estimativas iniciais de queda de 50% a 85% na receita líquida de 2020, em comparação com 2019, se concretizarem, o que prejudicaria ainda mais a capacidade de países como o Iraque e a Nigéria, continuarem a pagar salários e a prestar os serviços essenciais, como a saúde e a educação, às suas populações.

As ondas de choque provocadas pelas alterações nos mercados petrolíferos far-se-ão sentir em todo o setor energético, e terão implicações numa variedade de diferentes combustíveis e tecnologias. Um período prolongado de baixos preços do petróleo, afetaria as perspetivas de transição para a utilização de energias mais limpas, facilitando alguns aspetos dessa transformação, e complicando outros.

Leia AQUI este interessante artigo da AIE.