De acordo com a última edição do “World Energy Outlook”, a principal publicação da Agência Internacional de Energia, recentemente publicada, as energias renováveis e o gás natural, serão os grandes vencedores na corrida para satisfazer o crescimento da procura de energia até 2040, como resultado das grandes transformações que irão ter lugar nas próximas décadas no sistema energético global. Uma análise detalhada dos compromissos assumidos no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, revela que a era dos combustíveis fósseis parece longe de terminar e sublinha o desafio de alcançar objetivos climáticos mais ambiciosos. Ainda assim, as políticas governamentais, bem como as reduções de custos em todo o setor de energia, permitem uma duplicação das energias renováveis - sujeitas a uma atenção especial no Outlook deste ano - e de melhorias na eficiência energética nos próximos 25 anos. O gás natural continuará em expansão, enquanto o carvão e o petróleo recuam.
18/11/2016
Segundo Fatih Birol, diretor executivo da AIE, o gás natural, mas especialmente a energia eólica e a solar, substituindo o campeão dos 25 anos anteriores, o carvão", serão os claros vencedores dos próximos 25 anos. Acrescentou contudo que “não há uma única história sobre o futuro da energia global: na prática, as políticas governamentais vão determinar onde iremos a partir daqui."
Esta transformação do cabaz energético global descrito no WEO-2016, significa que os riscos para a segurança energética também evoluíram. As preocupações tradicionais relacionadas com o fornecimento de petróleo e gás permanecem, sendo reforçadas por quedas recordes nos níveis de investimento. O relatório mostra que mais um ano de menor investimento petrolífero no “upstream” em 2017, criaria um risco significativo de uma insuficiência da oferta convencional dentro de alguns anos.
A longo prazo, o investimento em petróleo e gás continua a ser essencial para satisfazer a procura e substituir a produção em declínio mas, o crescimento das energias renováveis e da eficiência energética, farão diminuir as importações de petróleo e gás em muitos países. O aumento do transporte marítimo de GNL também altera a perceção quanto à segurança de abastecimento do gás. Ao mesmo tempo, a natureza variável das energias renováveis na geração de energia, especialmente eólica e solar, implica um novo foco na segurança de abastecimento da eletricidade.
A procura global de petróleo continuará a crescer até 2040, principalmente devido à falta de alternativas acessíveis ao petróleo, no transporte rodoviário de mercadorias, na aviação e nos petroquímicos. No entanto, a procura de petróleo nos veículos de passageiros diminuirá, mesmo que o número de veículos duplique no próximo quarto de século, graças principalmente a melhorias na eficiência, mas também aos biocombustíveis e à crescente penetração dos carros elétricos.
O consumo de carvão mal crescerá nos próximos 25 anos, acompanhando a queda de procura na China, graças aos esforços para combater a poluição do ar e diversificar o cabaz de combustíveis. O mercado de gás também está em transformação, com a crescente participação de GNL no mercado de Gás Natural a ultrapassar os gasodutos, e a representar mais da metade do comércio mundial de gás de longa distância, quando representava um quarto em 2000. Num mercado já bem abastecido, o novo GNL da Austrália, Estados Unidos e de outros países, desencadeará uma maior competição nos mercados, bem como mudanças nos termos contratuais e nos preços.
O Acordo de Paris, que entrou em vigor a 4 de Novembro, constitui um importante passo em frente na luta contra o aquecimento global. Mas o cumprimento de metas climáticas mais ambiciosas será extremamente desafiador e exigirá uma mudança radical no ritmo de descarbonização e na eficiência energética. A implementação das promessas internacionais atuais só retardará o aumento projetado das emissões de carbono relacionadas com a energia, de uma média de 650 milhões de toneladas por ano em 2000, para cerca de 150 milhões de toneladas por ano em 2040.
Embora esta seja uma conquista significativa, está longe de ser suficiente para evitar o pior impacto das alterações climáticas, uma vez que limitará o aumento das temperaturas médias globais para 2,7 °C até 2100. O caminho para 2 °C é difícil, mas pode ser alcançado se forem implementadas políticas para acelerar as tecnologias de baixo teor de carbono e a eficiência energética em todos os sectores.
Isso exigiria que as emissões de carbono atingissem o pico nos próximos anos e que a economia global se tornasse neutra em carbono até ao final do século. Por exemplo, no cenário WEO-2016 2 ° C, o número de carros elétricos precisaria exceder 700 milhões em 2040, e substituir mais de 6 milhões de barris por dia de procura de petróleo. Ambições para limitar ainda mais o aumento de temperatura, para além de 2 ° C, exigiriam esforços ainda maiores.
"As energias renováveis farão grandes progressos nas próximas décadas, mas os seus ganhos permanecem em grande parte confinados à geração de eletricidade", disse o Dr. Birol. "A próxima fronteira no caminho das renováveis é expandir a sua utilização ao setor industrial, de construção e de transporte, onde existe um enorme potencial de crescimento".
Saiba mais e veja um interessante vídeo sobre o World Energy Outlook 2016
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