Sob a coordenação da Presidência da União Europeia, liderada pela Hungria, vai realizar-se no próximo dia 8 de novembro uma conferência sobre o tema “Uma estratégia europeia para a transição dos combustíveis líquidos e outros produtos” que reputamos da maior importância.
Como o título sugestivamente indica, o objetivo da mesma centra-se na necessidade imperativa de a EU desenvolver e adotar uma estratégia de transição hipocarbónica da cadeia de valor industrial para que se possa cumprir o objetivo de neutralidade climática até 2050, tendo em conta o «trilema energético» (um sistema energético sustentável, acessível e seguro/fiável).
Para tal será necessário implementar um conjunto coordenado de estratégias industriais sectoriais sob a égide de uma política industrial abrangente e de longo prazo da UE, para salvaguardar a competitividade e tornar a transição cada vez mais acessível aos consumidores.
Os cidadãos e as empresas europeias necessitam de energia molecular para complementar a eletrificação e, para cumprir os objetivos de descarbonização, ie, tanto as moléculas como os eletrões têm de ser neutros em termos climáticos.
Possuindo uma densidade energética incomparável, os combustíveis líquidos constituem uma componente fundamental do sistema energético atual, especialmente nos transportes. As suas características permitem o fluxo permanente de energia por toda a Europa através de uma rede generalizada de oleodutos, terminais e outras infra-estruturas logísticas.
As suas moléculas conseguem de facto armazenar energia de forma fiável a longo prazo e libertá-la imediatamente quando necessário. Por todas estas razões, são um pilar fundamental da segurança energética da Europa.
Aos dias de hoje, os combustíveis líquidos fornecem energia a mais de 97% dos transportes na Europa e continuarão a ser indispensáveis a longo prazo para a aviação e o transporte marítimo.
São ainda necessários para o transporte rodoviário durante a transição para a eletromobilidade e podem vir a ser indispensáveis no futuro, em aplicações específicas como por exemplo, camiões pesados/veículos de longo curso, militares e veículos todo-o-terreno.
O recente lançamento pela Comissão da UE de estratégias específicas como o Acordo Verde para as Baterias, para o Hidrogénio e para as Matérias-Primas Críticas, são exemplos de iniciativas que apoiam a transição para a redução das emissões de carbono para a atmosfera. No entanto, existe uma lacuna evidente: a falta de uma Estratégia de Transição para os Combustíveis Líquidos, dedicada à promoção da transição dos combustíveis fósseis para combustíveis líquidos renováveis e que permita uma descarbonização acelerada, acessível e resiliente de todos os modos de transporte, garantindo simultaneamente a segurança do abastecimento.
Salientamos ainda que uma transição para combustíveis renováveis resultaria também na descarbonização de outros produtos líquidos produzidos conjuntamente e indispensáveis à cadeia de valor industrial atual e futura (matérias-primas petroquímicas, lubrificantes, solventes, etc.).
Sob os auspícios da Presidência Húngara, este evento visa portanto lançar o debate político entre os intervenientes da indústria, decisores políticos e a sociedade civil europeia sobre como construir uma visão comum para a transição dos combustíveis fósseis em combustíveis líquidos renováveis e sobre como aumentar a escala dos combustíveis líquidos renováveis e respetiva capacidade de produção na União Europeia.
Com base em iniciativas e contributos significativos como o parecer do EU Economic Social Committee’s Own Initiative Opinion “A European Liquid Fuels Strategy for a sustainable, affordable and resilient low-carbon transition” e da Renewable Low-Carbon Fuels Value Chain Industrial Alliance, os membros do painel desta conferência serão convidados a discutir os instrumentos políticos atuais e a comparar a legislação existente da UE com o quadro regulamentar internacional para uma visão de longo prazo sobre os combustíveis renováveis e de baixo carbono. Serão também convidados a explorar quais os instrumentos políticos que poderão implementar de forma mais eficaz uma estratégia a longo prazo.