Muito se tem falado sobre o relatório Draghi e não admira. O relatório descreve na sua essência um problema existencial da União Europeia: a sua progressiva perda de competitividade e de tecido industrial, apontando soluções que implicarão mudanças importantes nas políticas europeias.
Na opinião do Presidente da Fuels Europe, Luis Cabra, que a EPCOL subscreve e divulga, o relatório marca um caminho que as instituições devem seguir, sem desculpas, neste novo ciclo político que se iniciou com as recentes eleições para o Parlamento Europeu.
Focando-nos no sector dos transportes, há algo importante que está em falta no relatório Draghi e que dê um impulso decisivo para uma mobilidade segura, acessível e descarbonizada de pessoas e bens: uma estratégia abrangente para toda a cadeia de valor dos combustíveis renováveis e que complemente a estratégia de eletrificação focada no veículo elétrico amplamente representado no relatório.
É também um facto que o relatório inclui avaliações muito precisas sobre os combustíveis renováveis e neutros em emissões de carbono para a atmosfera, mas estas referências aparecem dispersas por outros setores e segmentos de atividade, como a indústria automóvel, os meios de transporte em geral ou a indústria transformadora.
A regulamentação europeia do pacote "Fit-for-55" também padece desta dispersão, o que significa que as medidas que poderiam contribuir decisivamente para o desenvolvimento da cadeia de valor dos combustíveis renováveis (matérias-primas, processos de transformação industrial, utilização dos produtos) são dificultadas, se não mesmo inutilizadas, por certas sobreposições, incoerências e objetivos contraditórios.
Por esta razão, a associação de fabricantes de combustíveis FuelsEurope, a que Luis Cabra preside, propõe a elaboração urgente de uma estratégia abrangente para a transição dos combustíveis líquidos e que as revisões já planeadas da regulamentação europeia, sejam aproveitadas para incorporar as importantes melhorias resultantes desta visão abrangente.
Só desta forma poderão ser viabilizados os investimentos necessários para uma transformação industrial das refinarias e polos petroquímicos competitivos europeus, mantendo e ampliando a sua contribuição económica e os empregos que geram, e, finalmente, disponibilizando aos cidadãos opções de mobilidade descarbonizada permitindo-lhes, de facto, poder escolher as que lhes são mais acessíveis e convenientes.