"A imprevisibilidade em que nos encontramos é mais uma razão para avançarmos a toda velocidade rumo à certeza da neutralidade climática. A nossa indústria mantém firmemente este compromisso. Mas isso requer dedicação total à inovação, uma estrutura regulatória flexível que facilite o investimento, antecipe a mudança e permita a escala total do progresso tecnológico.
A crise na Ucrânia expôs mais vulnerabilidades na cadeia de global de abastecimentos causadas por dependências das importações. A diversificação do fornecimento de energia e materiais é chave, e deve ser um princípio fundamental para a formulação de políticas. A Europa não pode permitir-se nem ao isolacionismo nem a apostar em opções singulares.
O princípio da neutralidade tecnológica deve ser adotado como pedra angular da política da UE, e não apenas em palavras, mas sobretudo em atos. Isto é especialmente verdadeiro para o setor dos transportes, onde as necessidades dos consumidores e empresas são muito diversas, as condições geográficas e de infraestruturas são muito diferentes e a Europa corre o risco de sufocar ativo industriais de ponta, ao forçar uma disrupção, em vez de uma transformação acelerada mas bem gerida.
Como mostra o nosso estudo recente, uma abordagem exclusivamente de eletrificação põe em risco mais de 500.000 empregos até 2040 apenas no segmento das motorizações. Arrisca a mobilidade acessível, e cria novas dependências de importação em matérias-primas e células para baterias. Uma abordagem aberta à tecnologia, incluindo combustíveis renováveis sustentáveis (bio e sintéticos), deve desempenhar o seu papel num quadro político equilibrado.
Este não é um argumento contra a eletrificação, é um argumento a favor da diversificação. Um mix de tecnologias ajuda a manter as opções abertas, os preços baixos, e diminui a dependência de qualquer tecnologia, energia, combustível ou região – sem comprometer as metas climáticas."
Tradução de parte de um artigo da autoria de Sigrid de Vries, Secretária-Geral da CLEPA - Associação Europeia de Fornecedores da Indústria Automóvel, publicado a 24 de Março de 2022.