
O pacote de defesa europeu previsto pela Comissão Europeia (ver, Livro Branco sobre a Defesa Europeia e plano ReArm Europe/Prontidão 2030 , 19/03/2025) não reconhece devidamente, em nosso entendimento, o papel estratégico das unidades industriais de produção de combustíveis para a mobilidade e segurança do abastecimento de combustíveis nomeadamente em utilizações militares.
Os combustíveis líquidos — tanto convencionais como renováveis/baixo carbono — garantem uma densidade energética inigualável e uma integração perfeita nas infraestruturas existentes. São fáceis de armazenar e rapidamente mobilizáveis em grandes quantidades quando necessário.
O sistema de defesa militar da UE depende portanto de um fornecimento fiável e prontamente disponível destes combustíveis líquidos — tanto em tempos de paz como, ainda mais criticamente, em períodos de conflitos e/ou de crises geopolíticas — momentos em que se antevê que a nossa indústria continue a ser chamada a produzir combustíveis, nas qualidades e quantidades requeridas, prontamente entregues nos locais requeridos, para garantirem a mobilidade militar e manterem os serviços civis vitais a funcionar na economia em geral.
As escolhas políticas recentes falharam, em nosso entendimento, ao não reconhecerem o papel dos combustíveis líquidos para assegurarem a resiliência do sistema energético em todas as circunstâncias, atribuindo-lhes um papel marginal – literalmente nulo nos transportes rodoviários no futuro - limitando, portanto, drasticamente o interesse dos investidores na alocação de recursos financeiros para a transição energética no tocante à produção de combustíveis de baixo carbono.
Consequentemente, as Instalações industriais europeias de produção de combustíveis, as refinarias, atualmente competitivas e ambientalmente das mais responsáveis do mundo, operadas por pessoal altamente especializado nestes processos, podem vir a encerrar prematuramente, sem terem tido a oportunidade de descarbonizar ou serem convertidas para a produção de combustíveis e outros produtos renováveis de baixo carbono.
Consequentemente, Portugal operando atualmente uma única refinaria ou mesmo regiões inteiras da UE podem ficar prematura e estrategicamente vulneráveis devido ao acesso inadequado a fornecimentos seguros desta energia no estado líquido e pelas quantidades indispensáveis.
Leia as propostas da FuelsEurope às quais a EPCOL se associa, no documento de posição aqui.