O relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) analisa o papel dos combustíveis sustentáveis – biocombustíveis líquidos, biogases, hidrogénio de baixas emissões e combustíveis derivados de hidrogénio – como pilares da transição energética até 2035. Estes combustíveis são essenciais para setores de difícil eletrificação, como aviação, transporte marítimo, transporte rodoviário pesado e indústria.
Principais Conclusões:
- Expansão significativa prevista: se as políticas anunciadas forem totalmente implementadas, o uso global de combustíveis sustentáveis poderá duplicar até 2030 e quadruplicar até 2035.
- Impacto ambiental: os combustíveis sustentáveis podem reduzir drasticamente as emissões líquidas de gases com efeito de estufa ao longo do ciclo de vida, podendo alguns até alcançar emissões negativas se forem aplicadas políticas baseadas no desempenho (como captura e armazenamento de carbono e uso de energia renovável nos processos).
- Segurança energética: ao diversificar as fontes de abastecimento e reduzir a dependência de importações fósseis, reforçam a autonomia energética dos países, especialmente nas economias emergentes.
- Desenvolvimento económico: a transição para estes combustíveis poderá gerar cerca de 2 milhões de novos empregos e investimentos de 1,5 biliões de dólares entre 2024 e 2035, com especial impacto positivo em regiões rurais e economias em desenvolvimento.
- Custos e acessibilidade: embora ainda sejam mais caros que os combustíveis fósseis, o impacto no consumidor final será limitado — inferior a 1% na maioria dos produtos e 5–7% nos bilhetes de avião com 15% de combustíveis sustentáveis.
Tecnologias e Política
- O portefólio de combustíveis sustentáveis deve evoluir: os biocombustíveis líquidos e gasosos continuarão a ser dominantes, mas o hidrogénio e os combustíveis sintéticos crescerão rapidamente após 2030.
- A inovação e as economias de escala serão essenciais para reduzir custos e aumentar a competitividade.
- A AIE identifica seis áreas prioritárias de ação política:
- Definir roteiros regionais e metas claras, alinhados com os objetivos energéticos e climáticos.
- Aumentar a previsibilidade da procura para atrair investimento privado.
- Desenvolver metodologias robustas de contabilidade de carbono que permitam políticas baseadas em desempenho.
- Apoiar a inovação e a redução dos custos tecnológicos.
- Criar cadeias de abastecimento integradas e infraestrutura adequada.
- Facilitar o financiamento, especialmente em países emergentes, para reduzir o risco dos investimentos.
Conclusão
A AIE conclui que os combustíveis sustentáveis são complementares à eletrificação e essenciais para uma transição energética justa e eficaz. O sucesso dependerá da cooperação internacional, da harmonização de normas de sustentabilidade e da mobilização de financiamento em larga escala. O relatório apoia a Presidência brasileira da COP30 e destaca o papel do Brasil e da União Europeia como líderes na implementação de políticas para combustíveis de baixo carbono.
Consulte o Relatório aqui.