No contexto do European Green Deal, os 27 chefes de estado da UE finalmente concordaram com um aumento das metas climáticas para 2030, fixando em 55% a redução das emissões de gases de efeito estufa. Esta decisão, destinada a garantir que a UE está no bom caminho para atingir o seu objetivo de neutralidade climática em 2050, levará à revisão de muitos regulamentos necessários para atingir a nova meta em 2030, e só será alcançável se tecnologias que a permitam, estiverem disponíveis e implementadas em larga escala.
O transporte é um setor difícil de descarbonizar devido à sua complexidade. A variedade de modos de transporte e das utilizações em cada um deles implica que não haja “uma tecnologia que sirva para todos”. Existe uma diferença significativa entre um automóvel particular essencialmente utilizado para viagens urbanas e um utilizado para viagens interurbanas diárias de longa distância. Da mesma forma, um veículo pesado de 16 toneladas que entrega mercadorias em Paris é diferente de um que vai de Varsóvia a Lisboa, os navios que navegam em águas interiores são diferentes dos de alto mar e os voos regionais são diferentes dos voos transcontinentais. Cada setor tem as suas especificidades.
Assim, o desafio de descarbonizar os transportes permitiu o surgimento de uma série de tecnologias como: a eletrificação, o hidrogénio, os combustíveis líquidos com baixo teor de carbono e provavelmente outros que virão a médio ou longo prazo, e que, juntas, podem proporcionar a tão necessária neutralidade climática em 2050, sendo essenciais durante a transição energética e depois de 2050, para garantir a segurança do abastecimento, oferecer escolha ao consumidor e também construir a liderança industrial da Europa.
O debate público e político é, no entanto, orientado para fazer escolhas à partida, que geram efeitos exclusivos. A eletrificação é apresentada como a única opção para veículos ligeiros e uma parcela dos veículos pesados, enquanto o hidrogénio complementa os demais veículos pesados e a aviação. Além disso, anúncios sobre proibições de venda de motores de combustão interna (ICE) sustentam a perceção de que a neutralidade tecnológica foi descartada. A combustão limpa e eficiente de combustíveis com base em carbono renovável ou capturado, utilizando a tecnologia ICE e híbrida em que a Europa é líder mundial está descartada. Trata-se de reduzir e eliminar as emissões de combustão fóssil, ou de eliminar todos os equipamentos de tecnologia de combustão?
Veja aqui um interessante artigo sobre esta matéria, da autoria de John Cooper, Diretor Geral da FuelsEurope, recentemente publicado na POLITICO.